FUNDAMENTALISMO DE EXTREMA DIREITA
Já tive oportunidade de discorrer sobre este assunto em outras ocasiões, mas nunca é demais insistir. Nos últimos tempos, tenho ouvido diversos comentários de alguns “xiitas” e jovens menos avisados, defendendo a candidatura do Deputado fundamentalista de extrema direita Jair Bolsonaro para a Presidência da República . É fato que, infelizmente, a nossa classe política caiu em um profundo descrédito, em função da corrupção que tomou conta dos meios parlamentares, mas isto não pode e não deve, de forma alguma, ser tomado como pretexto para soluções precipitadas e absurdas, com risco de voltarmos aos tempos de chumbo da ditadura. Os fantasmas do Jornalista Vladmir Herzog, enforcado em uma cela do DOI-CODI e do desaparecido Deputado Rubens Paiva, abduzido subitamente pelos milicos durante um jantar em família no Rio de Janeiro, entre muitos outros, estão aí para nos lembrar dos perigos de um governo totalitário. Uma vez assumido o poder, salve-se sem puder! Os primeiros a serem pendurados no pau-de-arara ou desaparecerem sumariamente do pedaço serão os mesmos que hoje defendem de cara limpa a chegada dos militares ao poder, entre eles, alguns jovens inconformados com o sistema atual.
Infelizmente, tenho observado que muita gente boa vem sendo enganada pelo discurso extremista do citado parlamentar, sub-repticiamente travestido de defensor da integridade e dos elevados valores familiares. No entanto, suas suas idéias absurdas e atitudes extremadas despontam de forma contundente; é só parar um pouco e observar. Vejamos algumas amostras que merecem todo nosso repúdio e descarte:
“Pinochet deveria ter matado mais gente!” (Revista veja, 1998).
‘‘Eu defendo a tortura. Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para sequestrador, a mesma coisa. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico” . (Defendendo a tortura e o pau-de-arara da época da Ditadura Militar, 2000).
“Não vou combater nem discriminar, mas se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater” (Após caçoar de FHC sobre este segurar uma bandeira com as cores do arco-íris, 2002)
“Seria incapaz de amar um filho homosssexual. Prefiro que um filho morra num acidente do que pareça com um bigodudo por aí” (Revista Playboy, 2011).”
“Eu não corro esse risco, meus filhos são bem educados” (Em conversa com Preta Gil, quando questionado sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com uma mulher negra ou com homossexuais, 2011).
“Parlamentar não deve andar de ônibus”. (Jornal “O Dia”, 2013).
“Não te estupro por que você não merece”. (Em discussão com a Deputada Federal Maria do Rosário, 2014)
“Você é uma idiota. Você é uma analfabeta. Está censurada!” (Declaração irritada ao ser entrevistado pela repórter Manuela Borges, da Rede TV, 2014).
“Mulher deve ganhar salário menor por que engravida. Quando ela voltar da licença-maternidade, vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano”. (Jornal “Zero Hora, 2015).
“O erro da ditadura foi torturar e não matar”. (Programa Pânico na TV, julho de 2016).
“A PM devia ter matado 1.000 e não 111 presos. onde é que isso esta errado? Foram 111 lixos mortos que estavam cumprindo pena por crime hendiondo, se ficaram chocadinhos, sugiro adotar algum ex-presidiario”. (Sobre o Massacre do Carandiru, 2016).
“Sou Capitão do Exército, conhecia e era amigo do Coronel, sou amigo da viúva. O Coronel Carlos Brilhante Alberto Ustra recebeu a mais alta comenda do Exército, a Medalha do Pacificador, é um herói brasileiro”. (2016 – O Coronel Ustra é considerado um dos maiores símbolos da repressão e tortura da ditadura militar)
Para aqueles que andam simpatizando com as idéias do Deputado, é bom lembrar que Hitler com o nazismo e Mussolini com o fascismo que ceifaram milhões de vidas e aterrorizaram o mundo começaram assim.
Zygmunt Bauman, um famoso sociólogo e filósofo polonês, recém falecido, muito acertadamente nos alerta: “O problema não é o número crescente, em vários países, de pretendentes a regimes autoritários, mas do ainda mais rápido crescimento de seus devotos e apoiadores… Não é uma questão sobre os que querem o poder (eles sempre serão muitos, já que a demanda popular por eles é abundante), mas sobre a ampliação da demanda pelos serviços que eles falsamente prometem, que constitui indiscutivelmente o mais perigoso dos desafios futuros”… Quem tem ouvidos que ouça!
De radicalismo, extremismo, racismo e ódio o mundo já está cheio. O que definitivamente não precisamos é de um novo Hitler para resolver os problemas da humanidade. Depois não adianta o “chorar o leite derramado”…